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Quem quer ser escritor ou já é com certeza escutou muito na vida: você precisar ler muito e ler de tudo

Sim, isso é fato, acho que não tem como questionar. Não é sobre gostar de ler ou não (mesmo que seja pouco usual alguém que escreva não gostar de ler...), é sobre estudar e trabalhar. É pouco provável você escrever de primeira sua obra-prima, que será aclamada por gerações e gerações, mesmo depois de sua morte, e menos provável ainda que realize isso sem antes conhecer sobre escrita. 

"Mas Anna, escrever não é só colocar no papel as histórias da minha cabeça, ou do dia a dia de alguém e pronto?" Nana-nina-não. Livros são muito mais do que a história, são estrutura, são coerência, são horas de trabalho exaustivo até você querer atirar o computador pela janela e fingir que nunca decidiu escrever na vida (não que já tenha acontecido comigo). E para você aprender tudo isso, você precisa ler. 

Eu vejo muitos autores iniciantes perguntando se podem usar aspas quando escrevem os diálogos, se podem escrever uma história de trás para frente, se podem * insira alguma pergunta aqui *... E olha, isso tudo você pode aprender lendo. 

Claro, tenho uma ressalva aqui para fazer. Quando escolhemos ser escritores, abdicamos da nossa visão de gente "comum" do mundo e das coisas. Olhamos para um horizonte, por exemplo, e ele passa a ter outros significados de quando apenas apreciávamos com olhos normais. Nós olhamos com os olhos dos escritores (aqueles lokos)

A mesma coisa acontece com livros. Não estamos mais sentados confortavelmente, com uma xícara de achocolatado em uma mão, um livro na outra em um dia frio, lendo apenas para passar o tempo e nos divertirmos. Não, agora estamos segurando um bisturi, separando pedaço por pedaço, analisando cada parte, estudando até a unha do dedinho do pé do livro que estamos lendo. 

[Não que você nunca mais vá ler um livro como antes, mas depois que começa a esmiuçar cada coisinha que ler, vai notar que tudo ao seu redor pode ensinar e não vai querer perder nada.]

Então, para aprender lendo, você tem que deixar de lado essa leitura superficial e passar a literalmente estudar. Abrir a cabeça, fazer questionamentos, entender porque tal personagem é de um jeito e não de outro, ou porque o autor decidiu criar uma cena mais lenta naquela parte lá. 

Você precisa ler sobre o que não gosta, ler clássicos, ler não clássicos, ler pesquisas e análises críticas, ler sobre filosofia, antropologia, sociologia, linguística... Precisa acabar o que está lendo, mesmo não estando gostando, e tirar tudo o que puder de cada pedacinho de palavra que encontrar pelo caminho. 

E sim, é importante ler sobre tudo, tudo mesmo. "Mas Anna, estou escrevendo sobre fantasia, não vou ler um livro de auto-ajuda." Como você está falante hoje, amiguinho. O que eu tenho a te dizer é: dê uma chance. É importante ler gêneros diferentes daquele que está escrevendo, sair da sua zona de conforto, conhecer novas formas de pensar, novas formas de escrever... E para você pode parecer perda de tempo ler algo tão oposto assim, mas quem sabe quando ler, não se surpreenda? E tudo bem se no final você não gostar do livro, porque sempre aprendemos alguma coisa, mesmo que seja o que NÃO fazer nas nossas histórias. 

Por último, e acho que mais importante, escrever não é um dom. As pessoas nascem com facilidades para coisas e podem nascer com facilidade para escrever também, mas o que diferencia um bom escritor dos demais é o famoso trabalho duro. Não importa o tipo de livro que vai escrever, se vai querer quebrar todas as "regras" e fazer o que quiser sem medo de ser feliz, ou se vai seguir o que já fizeram. Tudo isso precisa ser aprendido, precisa ser treinado, estudado, analisado... Você vai precisar passar muito (e com muito quero dizer MUITO) tempo estudando, escrevendo, apagando, escrevendo de novo e de novo, jogando os rascunhos no lixo, lendo livros para entender a técnica usada pelo autor, analisando o cotidiano, escrevendo mais um pouco, revisando, perdendo os cabelos da cabeça...

E devo dizer, nenhum esforço vai ser em vão. Então não pare de estudar e go go go! 

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Espero que tenham gostado do texto. Vocês concordam com o que disse? Acham que eu deveria ter apontado outra coisa ou tem algo que vocês definitivamente não diriam? Comentem aí suas opiniões! 

Vou começar a manter a meta de um texto por mês, mesmo que os dez mil projetos atrapalhem um pouco. Se tiverem algum tema que querem que eu fale, podem deixar nos comentários também.

Beijinhos de luz!

~Anna

Créditos

Aos onze anos de idade, eu havia me decidido que uma das minhas metas de vida seria escrever um livro (e plantar uma árvore, e ter um filho). Já escrevia alguns contos nessa idade e criava minhas histórias, mas a ideia de acabar um livro (com começo, meio e fim - realmente "inteiro") era algo, querendo ou não, novo e em um universo distante para aquela Anninha [que tinha 0 noção de como de fato escrever um livro (claro, eu sabia que tinha que ter uma história com todas as suas partes, mas só isso)]. 

Com o passar do tempo, estudei muito, aprendi muito, escrevi muito, conheci muita gente e novas formas de ver esse mundão onde vivemos. E agora estou aqui para compartilhar com vocês o que eu queria saber antes, quando comecei nessa vida das dorgas escrita.

Ah, antes de qualquer coisa, só lembrando que tudo isso aqui é meu ponto de vista que pode ajudar ou não você que acabou de decidir que vai escrever um livro (ou quem já escreve, sei lá). Pode servir para você, como pode também não servir. Mas espero que pelo menos o faça pensar.

*A primeira coisa que você tem que saber (ou que pelo menos eu queria ter sabido quando comecei)  antes de começar a escrever seu livro é: o livro é seu. Parece até estranho dizer isso, porque é óbvio, mas é bom reforçar aqui. O livro não é da sua mãe, do seu vizinho, do colega escritor que encontrou no facebook ou da sua autora favorita (claro, se você estiver escrevendo algo próprio e não sendo pago para escrever para os outros). Ele é seu! Então não importa se você vai querer que todos os seus personagens não tenham cabeça, ou se você vai escrever sobre um tema que todo mundo já está cansado de ler sobre.

A sua individualidade tornará sua obra algo único. Então, é importante colocar toda o seu eu para fora e deixar de lado aquela vozinha que diz para você fazer o que todo mundo está fazendo, ou imitar a escrita de alguém só porque é algo que vende, mas não tem nada a ver com você.

*A segunda consideração: você tem que decidir suas motivações e o que planeja com o livro. Você quer que seu livro se torne um best-seller? Ou você está fazendo isso porque está a fim e não se importa tanto com o que os leitores/mercado vão achar? Ou você vai escrever para você e deixar em casa para só você ler em dias de chuvas e dar risadas do quanto seus personagens são zoados? Tudo isso tem que ser decidido antes de começar a escrever.

Não quero generalizar aqui e dizer que o mercado editorial aposta apenas em gêneros mais populares (mesmo que isso aconteça na grande parte das vezes), mas se você quiser que seu livro venda, provavelmente terá que pensar em alguns fatores que não importarão tanto para quem faz mais pela diversão (e nada para quem não quer divulgar sua obra).

* Terceira consideração: o mundo é cruel e você vai ter que aprender a lidar com isso. Você tem que lembrar que o seu texto não é seu filho. Seu trabalho não define quem você é e muito menos o seu valor como pessoa.  E quando você colocá-lo a disposição do mundo, não terá mais como controlá-lo. Pessoas vão gostar, pessoas vão odiar, você pode receber muitos nãos e muitos sins. E esses nãos não vão significar que você fracassou na vida. Vão significar que você fez o seu trabalho e que, ok, precisa melhorar em algumas (ou muitas) coisas.

Mas ninguém nasce sabendo fazer as coisas, escrita não é um dom divino que você acorda em um dia e escreve sua obra prima em uma sentada (pelo menos não é para 99% das pessoas). Você terá que estudar, que errar, que levar muitas portas na cara... É assim que a gente aprende e melhora.




Obrigada por ter lido até aqui. Espero que essa primeira postagem tenha lhe ajudado a pensar mais sobre esse universo literário. Esta é a primeira parte e em breve trarei novas postagens aqui no blog.

Beijinhos de luz.

~Anna

Fonte
Olá, pessoal. Sejam muito bem-vindos ao blog Nas Bordas do Mundo. Aqui quem fala é a Anna, autora de A Governanta, Dolls, Lábios de Rubi e Depois da Meia-noite, além da criadora do blog As Últimas Folhas do Outono. Estou aqui para apresentar um pouco sobre o que pretendo fazer nesse blog, como as postagens irão funcionar, como vocês, caros leitores e colegas, podem ajudar. 

Nas Bordas do Mundo foi criado para compartilhar experiência, trocar ideias e passar adiante dicas que nos ajudaram nesse mundo de escritor. Sim, o blog foi criado para escritores ajudarem escritores, claro que leitores também são bem-vindos e super convidados a compartilharem o que sabem. 

Lembremos que nesse espaço não existe certo ou errado, nem devemos partir do pressuposto que somos melhor do que qualquer outra pessoa. Passamos por experiências diferentes, aprendemos coisas diferentes, por isso podemos sempre aprender com o próximo. 

Se você tem uma dúvida específica, quer mandar seu texto para nós, ou simplesmente conversar, pode mandar um email para: nasbordasdomundo@gmail.com

Espero que gostem desse espaço, que se sintam acolhidos e que as postagens sejam úteis. 

Abraços e até!

~ Anna